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A intolerância ao glúten
Quase todos já ouviram certamente falar de intolerância ao glúten (ou talvez de doença celíaca). No entanto, quando perguntamos se sabem exatamente do que se trata, confirmamos inúmeras confusões.
Assim, é necessário fazer uma definição precisa desta patologia para compreender o que é o glúten, quais os mecanismos de ação no caso de intolerância e qual é a sua prevalência.
Doença celíaca (DC)
A doença celíaca é uma intolerância alimentar crónica ao glúten, uma proteína presente em quatro cereais: trigo, centeio, cevada e aveia.
Diagnóstico e sintomas de intolerância ao glúten
Esta doença é difícil de diagnosticar, em especial pelo facto de os sintomas serem pouco visíveis. Assim, é necessário fazer alguns testes.
Tratamento da doença celíaca
Uma vez a intolerância diagnosticada, é necessário tomar medidas para lutar contra esta doença. O único tratamento a fazer é a retirada total do glúten. Nesse sentido, os alimentos que contêm glúten devem ser substituídos por outros sem glúten e não eliminados da dieta.
A intolerância ao glúten
Descrita pela primeira vez no ano 250, a intolerância ao glúten é também designada como doença celíaca.
A descoberta de uma causa efeito entre a intolerância ao glúten e a ingestão de cereais, só foi estabelecida cerca de 1950 graças aos estudos do pediatra holandês W.K.Dicke. Posteriormente, em 1954, foram demonstradas as consequências do glúten sobre o intestino de doentes celíacos (atrofia da parede do tubo digestivo).
Finalmente, por volta de 1980 foi demonstrado o papel do sistema imunitário na reação do intestino ao glúten.
Definição de intolerância ao glúten
A intolerância ao glúten é uma situação desencadeada pelo consumo de proteínas de alguns cereais que provocam a mal absorção dos nutrientes ingeridos, tais como as vitaminas, minerais, glúcidos, lípidos e outras proteínas.
O que é o glúten?
O glúten é a fração solúvel em água das proteínas contidas nos cereais. Representa 80% dos 9 a 10g de proteínas que contêm as farinhas.
O glúten é composto de 2 frações definidas pelo seu carácter solúvel ou não em álcool:
As gluteninas – solúveis unicamente em solutos básicos, não tóxicas para os doentes celíacos,
As prolaminas – proteínas de reserva, solúveis em álcool e tóxicas para os intolerantes ao glúten.
Todos os cereais contêm prolaminas: as gliadinas são as prolaminas do trigo, as secalinas, da cevada, as hordeinas do centeio, e as aveínas, da aveia.
Mecanismos de intolerância ao glúten
Intolerância ao glúten e sistema imunitário
A intolerância ao glúten é uma anomalia autoimune do intestino delgado, caracterizada por uma inflamação. Portanto, nos pacientes com esta patologia, produz-se uma reação ao glúten, materializada por uma agressão do organismo contra o seu próprio intestino delgado. Este apresenta uma atrofia das suas vilosidades que são responsáveis pela absorção dos nutrientes. Como resultado, temos uma mal absorção alimentar.
Diferença entre alergia e intolerância ao glúten
Num grande número de casos, a alergia alimentar confunde-se com intolerância alimentar. As duas recções são no entanto muito diferentes: os mediadores da reação não são os mesmos.
A alergia alimentar manifesta-se por uma reação imunitária anormal a alergéneos, conduzindo à formação de anticorpos que vão depois produzir a libertação de outras moléculas responsáveis pela aparição dos sintomas.
No caso das intolerâncias, o corpo não é capaz de digerir o glúten presente nos alimentos consumidos, uma vez que a enzima necessária a essa digestão está ausente ou inativa. A reação deve-se ao alimento não digerido.
Mesmo que o sistema imunitário seja solicitado, ele ataca o seu próprio corpo, e não um qualquer invasor externo. A definição de alergia, não é por isso adequada.
Fatores de predisposição
O desenvolvimento desta doença só é possível em pessoas geneticamente predispostas desde a nascença, mas o aparecimento dos sintomas pode surgir em qualquer idade.
Em presença dos fatores genéticos, alguns fatores ambientais são suscetíveis de desencadear a fase ativa da doença: infeções vírias, cirurgias, situações de stress, etc.
A introdução precoce do glúten na alimentação dos recém-nascidos é igualmente um fator negativo reconhecido, enquanto o aleitamento materno é um fator protetor.
É preciso por isso não esquecer que a intolerância ao glúten é fortemente relacionada com o Síndrome de Down, hepatite crónica ativa, colite linfocitária, doença autoimune da tiroide, ou ainda o síndrome do cólon irritável.
Prevalência da doença celíaca
Na Europa, 1 em cada 300 pessoas será atingida pela intolerância ao glúten. Esta patologia está também presente nos Estados Unidos e Norte de África, estando a maior prevalência na zona do Sahara. Em contrapartida, é muito rara nos países asiáticos e na África Subsaariana.
Atualmente em Portugal, tendo em conta a prevalência europeia, deveria haver cerca de 30.000 pessoas com intolerância ao glúten, mas os casos diagnosticados e conhecidos são muito menos que estes.
Os sintomas aparecem em qualquer idade: homens, mulheres, crianças ou adultos, todos podem ser atingidos.
Na infância, e mais frequentemente entre os 6 meses e os 2 anos, após a introdução do glúten na alimentação.
Na idade adulta, entre os 20 e os 40 anos, muitas vezes após um acontecimento particularmente traumático na vida da pessoa.
Mesmo que se manifeste um período de certa acalmia durante a adolescência, a intolerância ao glúten não desaparece nunca.
Como é óbvio, quanto mais precoce é o diagnóstico, menos lesões existirão no intestino delgado. Uma vez diagnosticada, serão necessários 2 a 3 meses para recuperar a estrutura intestinal fisiológica (= intestino normal) numa criança, e 2 a 3 anos para um adulto. Ou seja, a recuperação funcional do intestino e o desaparecimento dos sintomas são mais rápidos nas crianças.
Complicações ligadas a doença celíaca não suspeitada
A intolerância ao glúten, se não for despistada, pode ter graves consequências para a pessoa que a sofre. Por exemplo, linfomas ou adenocarcinoma do intestino delgado, carcinoma do esófago, jejunite ulcerativa, carências nutricionais.
Pode igualmente desencadear a osteoporose (fragilidade óssea), osteomalácia (amolecimento dos ossos), hemorragias internas, alterações do sistema nervoso central e periférico, infertilidade ou ainda distúrbios emocionais.
É por isso muito importante diagnosticar a intolerância ao glúten para evitar os sintomas correntes associados assim como as consequências a mais longo prazo.
1; Paulley JW, Br Med J 1954 4900: 1318-21
2; Marsh MN, J R Coll Physicians Lond. 1983 Oct;17(4): 205-212